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fevereiro 27, 2011

'Burlesque' funciona como diversão sem compromisso (para fãs do gênero)

Clichês e a longa duração quase comprometem filme que apresenta bons números


 
A empreitada pode soar irrelevante e causar indiferença para a maioria das pessoas,  mas aos fãs de música pop ou amantes da cultura pop, a ideia de um musical estrelado por figuras icônicas como Cher e Christina Aguilera, consegue causar um certo grau de ansiosidade ou, pelo menos, curiosidade. Mesmo sem inovar e acrescentar algo no que já foi mostrado, Burlesque (EUA, 2010) cumpre seu papel como entretenimento fácil e sem deixar o ostracismo acabar de vez com o gênero musical nas telonas. Nem de longe é o melhor do gênero da última década, mas consegue se sobressair para o público, da qual, foi destinado.

O filme conta a história de Ali (Aguilera) que abandona o emprego sem perspectivas da pequena cidade natal e embarca para Los Angeles, onde busca realizar o sonho de ser uma cantora e dançarina. Em seu caminho, surge Burlesque, uma casa noturna que apresenta variados shows no estilo burlesco. A determinada moça, se embrenha pelo lugar e vira garçonete. Lá conhece os personagens que aos poucos vão intercalando tramas paralelas em meio a apresentações musicais. O interesse amoroso é o barman Jack (Cam Gigandet), que também é compositor; o rico construtor e frequentador do bar Marcus (Eric Dane) - que repete com mais seriedade o que faz como Dr. McSteamy em Grey's Anatomy; o figurinista Sean (Stanley Tucci), também repetindo o estereótipo usado em O Diabo Veste Prada; a invejosa e principal estrela Nikki (Kristen Bell) e claro, Tess (Cher) a dona do lugar, com imagem dura, mas que se mostra maternal quando necessário.

Se os personagens já são puro clichê, a o roteiro também não contribui em nada. Além da velha história da moça que sonha pela fama, o Burlesque corre o risco de ser fechado e Tess busca alguma forma para incrementar os shows. É então que Ali é descoberta pelo seu bom potencial de dançarina e logo mais por sua voz. A situação melhora quando a moça passa a ser a estrela principal, mas não é suficiente para salvar a casa. Enquanto isso, Ali vai se envolvendo com Jack, esse comprometido (apesar de que a noiva só aparece pra criar stress), e também com Marcus, que visa comprar o estabelecimento e de quebra ficar com ela. As falhas se estendem por: essas aparições de personagens que servem apenas para criar alguma tensão, as soluções que surgem de forma pouco convincentes e banais, além da própria direção que cai em elementos ultrapassados - alguém ainda aguenta uma cena de transa destacando a chuva na janela?

Todos personagens são mal aprofundados - mesmo que isso pouco importe quando se trata estereótipos já resolvidos em outras produções. Mas, o problema mesmo é a protagonista, que diferente das referências de outros musicais como Chicago (EUA, 2002) e Moulin Rouge! - Amor em Vermelho (EUA, 2001), não consegue criar a simpatia importante de heroína. Isso, sem contar na longa duração que também não ajuda a paciência em encarar os erros - mesmo que incrementando variados números musicais. Afinal, se você sabe o que vai acontecer, pra que esticar as cenas mais banais?

Mas Burlesque se defende com as boas performances e isso o diretor Steve Antin se garante como bom realizador. Christina Aguilera, que se sai bem como atriz (ao considerar seu primeiro papel), fica ainda melhor nos momentos em que precisa cantar e dançar. Os figurinos, a maquiagem, o cenário, a edição de vídeo são de grande qualidade e fazem a produção valer a pena à quem esperava por isso. As músicas são igualmente interessantes, mas sem causar maior comoção ou se tornarem memoráveis como algumas de Moulin Rouge, por exemplo. O lado negativo talvez fique com a Cher e uma canção triste - a atriz pode ser um ícone, mas ela não tem expressão facial necessária, não só nos dois números musicais, como nas cenas mais intensas.

De grande parte, a crítica pode se sentir confusa e envergonhada por encontrar virtudes na atração, mas Burlesque é, assim como outros filmes do gênero, um filme para um público destinado. Tem seus méritos e deméritos, mas é inofensivo. Na escassez de obras desse tipo, vale para dar um estímulo e rever os outros grandes musicais lançados e perceber que no geral, quem é fã do estilo, sabe que são certos elementos que os fazem interessantes. Aqui, é a famosa dupla Aguilera e Cher que segura bem a trama, ou alguém acredita que no lugar delas, artistas como, por exemplo, Madonna e Britney teriam o mesmo resultado satisfatório?

Trailer:


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