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fevereiro 20, 2012

Crítica: 'Cavalo de Guerra' é visualmente impecável

Drama de Steven Spielberg segue à risca clichês melodramáticos com resultado caprichado e emocionante


Consagrado na industria do cinema, o diretor Steven Spielberg não precisa provar mais nada à ninguém. Mesmo com os recentes fracassos para a TV (séries de qualidade duvidosa como Falling Skies e Terra Nova - ambas com sua assinatura na produção) ele consegue levar mais um filme à indicação máxima ao Oscar e ainda contrariar um pequeno time de invejosos que torce contra - cadê As Aventuras de Tintim como melhor animação ou ele como melhor diretor? Mas apesar disso, Spielberg está lá e mais uma vez com uma obra (pelo menos visualmente, primorosa).

Cavalo de Guerra (War Horse, EUA, 2011) é um épico grandioso, desde a trilha sonora do parceiro de Spielberg, John Williams, até o restante da parte técnica, fotografia, edição, direção, maquiagem, e por aí vai. A história, adaptada da obra de Michael Morpurgo lançada há 30 anos, não é tão impressionante quanto tudo que a movimenta. Conta a jornada de Joey, um cavalo que em 1914, é comprado por um fazendeiro e acaba caindo nas graças de seu filho, Albert (Jeremy Irvine) - que o treina para ajudar na colheita da família (prestes a perder tudo). Por uma peça do destino, o plano dá errado e o cavalo é vendido ao exército e enviado à Europa, onde se desenrola a Primeira Guerra Mundial. Nas mãos de um oficial, o animal se torna um cavalo de batalha, testemunhando o horror do conflito na França. Porém, a força e a coragem de Joey o fazem passar em diversas situações e lugares, sempre mudando a vida de alguém que o encontra.

A jornada até o reencontro com seu dono é o mote de um filme envolvente, mas que peca nos excessos de melodramas, roteiro que soa inverossímil deixando a produção com cara de fábula e atrapalhando a complexidade histórica que a trama até tenta mostrar com seriedade. Mesmo em uma cena interessante, quando dois soldados de países opostos ajudam o cavalo que ficou preso em arames farpados no meio da trincheira e dialogam de forma informal mostrando algum vestígio de humanidade em meio ao caos, de resto esta só serve para refletir mais uma das cenas que refletem no tom leve do filme. É característica do diretor preferir esse caminho de filme-família ultimamente ao contar uma história com tanto terror, mas é uma pena que críticas mais ousadas acabam reduzidas em imagens que duram pouco tempo na tela e se diluem na história digna de sessão da tarde.

Mas Spielberg tem em seu currículos dois dos melhores filmes sobre guerra de toda a história, e ambos muito bem premiados: O Regate do Soldado Ryan (1998) e A Lista de Schindler (1993). Não vai ser um filme menos ousado que atrapalhará seu currículo, afinal, os pontos positivos são maiores e que se a história não convence, o pôr do sol na cena final emociona facilmente.