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fevereiro 26, 2012

Crítica: 'Tão Forte e Tão Perto' comove relembrando 11 de setembro

Filme indicado ao Oscar traz surpresas e homenagem


Assumindo a posição de zebra na corrida do Oscar, Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, 2011) é um drama que puxa o gatilho que faltou nos outros filmes concorrentes: comoção por evento trágico e histórico (mesmo que Cavalo de Guerra tenha a Primeira Guerra como pano de fundo, mas não vai até o fim na sua reflexão). Tudo ao redor da trama é triste. E a poesia que é feita com esses ingredientes o faz um filme corajoso, bem conduzido e até surpreendente.

O longa conta a história de Oskar Schell (Thomas Horn), um esperto menino de 9 anos que vive num mundo só seu, intercalando diversas paixões como: desenhista de joias, astrofísico, estudante de francês, tocador de pandeiro, ator shakespeareano, inventor e pacifista. Seu pai (Tom Hanks) é o maior motivador de seus sonhos e sempre o desafia, seja ensinando-o a lutar ou a seguir suas aptidões - sua última empreitada tem como base um mistério que o garoto precisa desvendar. Com a morte do pai, vítima dos atentados de 11 de Setembro em Nova York, Oskar tem dificuldades para superar a perda, rejeitando a ajuda da mãe (Sandra Bullock) e se fechando ainda mais no seu mundinho. Eis que, o jovem encontra uma chave que dá continuidade ao grande mistério intricado pelo pai tempos antes. A jornada do jovem começa, como incentivo, último suspiro do pai.

Essa premissa leva o jovem a rodar a cidade atrás de um nome, que provavelmente terá a fechadura que combina com a tal chave. É aí que um filme ganha qualidades interessantes. A boa condução do diretor Stephen Daldry, garante enquadramentos artísticos, dinâmicos e comoventes. O protagonista, mesmo sendo chatinho por diversas vezes, mantém uma veia de desbravador à moda antiga. Fotografa, monta esquemas, desenha gráficos, escreve... Tudo como uma boa e deliciosa aventura. Em contraposto, muito choro e depressão mostrados em flashbacks dos momentos durante o acontecimento. Nessa caminhada de descobertas, também somos apresentados à diversos personagens da cidade que possuem no nome, da qual, ele busca. Divertidíssimo.

O lado negativo, infelizmente vem na perda de tempo do diretor em mudar o foco da aventura para mostrar outros núcleos que nada muito acrescentam na história principal. Não que os personagens sejam desinteressantes, as boas atuações de Max von Sydow e Viola Davis até compensam um pouco, mas a forma que é aprofundada não é do mesmo nível emocional da trama do garoto. Esse tempo mal gasto traz ao longa uma experiência irregular por diversos momentos, mas que felizmente deixa o clímax final intocável, como um bom filme de superação e aprendizado. 


Tão Forte e Tão Perto cumpre uma função bela de homenagem à cidade e a Academia sabe o quanto isso é importante e deve ser levado em conta depois de 10 anos da tragédia, mesmo com chances ínfimas de vencer.