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abril 03, 2012

Crítica: O retorno de 'Game of Thrones'

As peças seguem em movimento constante


Depois de uma primeira temporada rebuscada, a parte técnica impecável e um roteiro ousado e que prende a atenção do espectador, chegou a hora da segunda temporada de Game of Thrones, uma das melhores estreias de 2011. E nesse primeiro episódio a impressão é que serviu para continuar quase exatamente do ponto em que a jornada parou. Baseando-se no segundo livro, A Fúria dos Reis, da saga As Crônicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin, o seriado intercalou momentos em mostrar diversos núcleos que mais parecem peças do enorme tabuleiro (a abertura da série que passa essa ideia vai mudar conforme anda a trama). O vencedor, é claro, fica com o Trono de Ferro que governa os sete reinos de Westeros.


A série retornou no último domingo (1) e foi exibida na tv paga brasileira pela HBO Brasil simultaneamente com sua estreia nos Estados Unidos, tendo opção de exibição legendada ou dublada  - estratégia rara e eficiente. O primeiro grande lance e que será aproveitado melhor nesta segunda temporada, é focar no personagem Tyrion Lannister, que rendeu  ao ator Peter Dinklage o prêmio de melhor ator coadjuvante no Emmy e no Globo de Ouro. Uma das peças importantes, ele busca ficar no controle do jovem Joffrey, atual rei, porém vai entrar em atrito com a mãe do rapaz, Cersei.

A família Stark, por outro lado, está diluída. Com a morte do patriarca Ned que quase foi detentor do trono, a filha mais velha Sansa é mantida refém por Joffrey, enquanto sua irmã Arya, conseguiu fugir da cidade em um comboio. O outro filho, o jovem, porém, esperto Bran está no comando de Winterfell e Rob e sua mãe, Catelyn, buscam com a tropa restante apoio entre os reinos (enquanto mantém Jaime, irmão-amante de Cersei, como seu prisioneiro). Jon, filho ilegítimo de Ned, segue na busca de seu tio, Benjen Stark, na gélida região da muralha.

Em outro ponto do mundo fantasioso, Khao Drogo se foi e o dragão nasceu. Agora quem comanda é Daenerys Targaryen que junto com o ser místico ao seu favor, ainda vai ter a complicada missão de liderar num lugar onde as mulheres não são vistas como guerreiras e muito menos como líderes.  No momento, ela se movimenta estrategicamente com os seres e seus fiéis seguidores para conseguir proteção, enquanto, os dragões ainda são pequenos. 

O episódio ainda introduziu novos personagens como Stannis Baratheon (Stephen Dillane). Ele recebeu uma carta de Ned, da qual, revela que Joffrey nada mais é que fruto de um incesto o que invalida seu poder de ficar com o trono. Stannis é senhor de Dragonstone e irmão do falecido rei Robert Baratheon, assassinado sob comando de Cersei, e seu objetivo agora é conquistar o trono. A sede pelo poder também é característica de Davos Seaworth (Liam Cunningham), um dos conselheiros de Stannis, que tem como seu braço direito a sacerdotisa Melisandre (Carice van Houten). A misteriosa mulher consegue ver parcialmente o futuro e acredita que ele é uma espécie de Messias. Entretanto, pode se notar que detentora de poderes valiosos, ela não é digna de confiança, mostrando-se manipuladora.

O primeiro episódio foi equilibrado, tentando ao máximo situar o público do andamento da trama. A complexidade e as variadas histórias e personagens podem ainda confundir o espectador mais leigo, então vale dar uma pesquisada sobre personagens e suas respectivas situações, caso não tenha simpatia (tempo) com os livros da saga. Para primeiro evento, Game of Thrones não superou, nem decepcionou as expectativas, mas espera-se que a engrenagem ganhe mais movimento no decorrer dos nove episódios desta temporada.