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novembro 27, 2012

Especial: 'Casablanca' pela primeira vez

Unanime na história do cinema, clássico é perfeito produto Hollywoodiano 


Uma das maiores obras da história de Hollywood, Casablanca faz 70 anos e até hoje é ícone máximo do cinema de gênero que mescla romance, suspense, comédia e guerra de uma forma harmoniosa, com um roteiro dinâmico e de frases memoráveis. Elementos que bem filmados, dirigido pelo húngaro e judeu, Michael Curtiz, em 1942 durante a guerra e que consegue se manter vivo pelas qualidades técnicas, atuações e uma história de um amor jamais esquecido, mas que é relembrado num momento caótico.

A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e muitos fugitivos tentavam escapar dos nazistas por uma rota que passava pela cidade de Casablanca, em Marrocos. O protagonista é o exilado americano Rick Blaine (Humphrey Bogart) que encontrou refúgio na cidade, dirigindo uma famosa casa noturna da região, da qual, seus convidados são desde refugiados franceses até alemães. Clandestinamente - vestindo um caráter cínico e apático -, tenta despistar o Capitão Renault (Claude Rains), e ajuda refugiados, possibilitando que eles fujam para os Estados Unidos. Até que então, ele reencontra o grande amor de sua vida, a bela Ilsa (Ingrid Bergman) que agora é casada com o procurado, por fugir de um campo de concentração nazista, Victor Laszlo (Paul Henreid) e precisam partir rapidamente dali.

Sem maiores confusões, a história é guiada de forma convencional e usa um extenso flashback para contar como foi a paixão do casal principal. A região de Casablanca representa o momento atual da situação. Um lugar cheio de tensões étnicas, violência e pessoas agindo pelas sombras do mercado negro. A vulnerabilidade do local, intensifica o drama do casal que foi separado e agora se encontra novamente, mas sem poder aproveitar e tomar decisões mais ousadas como, simplesmente, ficarem juntos. A agonia do lugar também regrada pelo sentimento de otimismo já que é o único local de fuga para a América - símbolo único de liberdade nesses sombrios tempos.

Contada abusando de estereótipos, seja na caracterização de seus personagens - o músico negro, o contador judeu -, ou no cenário - Paris é palco do amor que é interrompido pelo nazismo. A fotografia para o preto e branco dá um tom crucial. Enaltece o semblante belo e confuso da bela Ingrid Bergman, o brilho dos olhos e de suas jóias e também acrescenta sombras nos cenários representando a marginalidade das ações ao redor - tudo feito às escondidas. A música tema (As Time Goes By) tocada na intenção de resumir toda sublimidade do amor do passado, sem precisar de mais que isso.

O final traz um realismo pouco visto no cinema, mas com um motivo político nas entrelinhas, apesar de respeitoso. Se foi real, é porque é triste. E se o nazismo foi vencido, o amor ficou apenas na lembrança. Mesmo que a ação de Rick possa refletir um amor altruísta, sem mágoa e cheio de perdão, também representa uma forma maquiada de propaganda política contra a guerra, já que a torcida sempre será para o casal ficar junto e os alemães atrapalharam isso, destruíram sonhos e que isso não aconteça novamente.

A neblina ao redor da liberdade dá o tom do turbilhão de sentimentos como medo, angústia, confusão e redenção. E é por isso que Casablanca ainda renderá muito assunto por muitos anos. É um exemplar único de como Hollywood serve para se comunicar com a massa, utilizando sempre o melhor da indústria, manipulando sentimentos com maestria e fazendo a arte ganhar uma vida que mexe até com os mais céticos. É, ao mesmo tempo, divertido e sério, profundo e artificial, feliz e triste. Imortal, seja pra discutir sobre, ou simplesmente inspirar.

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