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abril 23, 2013

Crítica: nova série 'Copa Hotel' desvenda o valioso caos carioca

Seriado do GNT promete humanização de protagonista congelado no tempo


Desde que lançou no ano passado a versão brasileira do grande sucesso internacional, aqui chamado por Sessão de Terapia, o GNT tem investido no formato de seriados para angariar o público da TV a cabo, que não tem um produto nacional de sucesso no estilo. No Brasil, só a Rede Globo tem tido sucesso no geral, isso sem menosprezar as excelentes tentativas da HBO Brasil. Dirigida por Selton Mello, Sessão de Terapia fez barulho não só com a crítica, mas também com o público, basta medir o sucesso da série nas redes sociais (novo termômetro de audiência). Enquanto a nova temporada não chega, o canal têm outras quatro cartas na manga: uma estrelada pela querida Denise Fraga, 3 Teresas; uma com texto de Fernanda Young, Surtadas na Yoga; outra com episódios isolados a cada semana, As Canalhas; e Copa Hotel, que estreou na última segunda (22). Esse último começou com alguns tropeços, mas mostra potencial.

Copa Hotel segue a jornada de Fred (Miguel Thiré), que depois de anos fora do Brasil, volta ao Rio de Janeiro para enterrar seu pai, dono de um hotel em Copacabana. Como um peixe fora da água, vai se dando conta que muita coisa mudou, principalmente, o preço dos produtos e serviços, sendo que o caos continua reinando na cidade maravilhosa e malandra. Fred herdou o hotel, e agora precisa cuidar dele. Se à principio sua ideia era vendê-lo, ele vai começar a refletir melhor, mesmo que seu preço esteja em torno de 20 milhões de reais. Porém, Fred sente dentro do local - além da confusão que lembra a cidade ao redor: corrupção, sexualidade aflorada, bom humor - um certo conforto nostálgico, principalmente no que se refere a memória de seu pai. Fred não só escolhe se hospedar no quarto dele, como, literalmente, veste seu pai.

A forma, da qual, a série vai abordar e desvendar o que o pai de Fred tanto via naquele hotel, que à julgar pelas cenas dos próximos episódios é uma bagunça só, é que prende a atenção do espectador o inserindo no roteiro e no contexto. No primeiro momento, de apresentações, mostrou tudo de forma subjetiva, focando no motivo de Fred se afeiçoar pelo local, dando pouco espaço à trama de forma mais abrangente. Fred é um rapaz contido e com problemas de se expressar - até broxou. Ele ao pouco vai entender o custo tão elevado e o amor à essa cidade que tantos se entregam, outros odeiam, mas sempre desperta um interesse súbito por estrangeiros, exatamente por refletir um caos, mas também um calor humano, nostálgico, e que poucas cidades em desenvolvimento - ou desenvolvidas - podem se orgulhar de oferecer.

Apesar de um trama boa, atores mostrando serviço (Maria Ribeiro promete roubar a cena), o seriado ainda está aquém do que foi visto visualmente em Sessão de Terapia. A direção de Mauro Lima, que tem no currículo Meu Nome não é Johnny e a série O Pai Ó, não oferece uma sofisticação em filmagem como a vista na série de Selton Mello - que se passava praticamente dentro da sala do protagonista - e foi a chave do sucesso. Copa Hotel por momentos parece amadora, tanto nos diálogos, quanto nos enquadramentos quadrados e sem movimento. Carece de um toque mais ousado, como é a caracterização dos protagonistas e da direção de arte dos cenários. Espera-se que com o decorrer dos episódios, o seriado ganhe mais vida, movimento e trace, no humor peculiar, sua marca como a série sobre terapia fez no drama, pois, com essas apostas, o telespectador só tem a ganhar.

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