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dezembro 15, 2012

Crítica: longo, 'O Hobbit - Uma Jornada Inesperada' diverte com humor genuíno e visual caprichado

Filme remonta a Terra Média vista em O Senhor dos Anéis, relembrando o melhor da saga


Sucesso de bilheteria, somando mais de US$ 2 bilhões pelo mundo, a saga O Senhor dos Anéis também teve o apoio da crítica, fazendo os três longas somarem 26 indicações e 17 vitórias no Oscar e marcou a indústria cultural. O incrível mundo inventado por Tolkien, apostando num realismo fantástico original, cheio de surpresas empolgantes e uma ação agonizante em alguns momentos e com altas doses de humor em outros. Essa caraterística foi muito bem utilizada na trilogia O Senhor do Anéis e, inevitavelmente, O Hobbit o próximo passo, repetindo o efeito. A princípio estava nas mãos do criativo Guillermo Del Toro que assumiria a direção do longa, mas o atraso na produção - ligado à reestruturação da MGM - atrapalhou sua agenda. Antes seriam dois filmes, sendo um adaptando o livro e outro criando uma ponte do a trilogia feita antes. Peter Jackson acabou sendo chamado com urgência e acabou transformando o livro em três filmes, na desculpa que Tolkien escrevera momentos bons, de forma rápida demais.

Sabe-se que J. R.R. Tolkien já imaginava e esboçava o universo de O Hobbit no período em que esteve na Primeira Guerra Mundial em 1916. Mas, a ideia só floresceu de vez quando atuava como professor na Universidade de Oxford em 1928 e rascunhou a frase: "Em um buraco no chão vivia um hobbit, não sabia e não sei por quê." Quase dez anos depois, é publicada a primeira edição de um dos maiores sucessos da literatura mundial, que abriu as portas para uma saga ainda mais famosa e influente: O Senhor dos Anéis. Inevitavelmente, depois de muita espera, o cinema adaptou a saga do anel (três livros/três filmes) e agora estreia com, basicamente, a mesma produção em O Hobbit - Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012). 

O filme conta o início da grande aventura do jovem hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) - visto em O Senhor dos Anéis como tio de Frodo (Elijah Wood). A trama se passa 60 anos antes do acontecimentos ligado ao anel que ele entregou para Frodo. Fã da tranquilidade de sua terra natal, o Condado, a paz de Bilbo se esmaece quando o mago Gandalf (Ian McKellen), o Cinzento, o convoca para uma aventura ao lado de um bando de anões - o mago acredita que o físico e o jeito de hobbit tem seu potencial. A missão é retomar a Montanha Solitária, onde fica o reino Erebor, da qual, o dragão Smaug os expulsou após o tesouro do reinado tomar grandes proporções (atraindo o ser mitológico). Bilbo aceita a proposta em troca de uma parcela do tesouro de Erobor, quando retomada. No caminho se deparam com criaturas como Trolls, Orcs, Gigantes de Pedra - que moram nas altas montanhas - e finalmente, Gollum, a criatura central da saga do anel. Também tem uma passagem no reino dos Elfos, que são aliados - esses que ganharam destaque no longa, preenchendo momentos não explicados no livro.

Por mais que Peter Jackson encontre motivos para estender o filme, e isso não tem nada a ver com o fato de ter dividido o livro em três partes, é impossível não perceber como a trama enrola e se perde em momentos que não fariam maior diferença se fossem menores. Cenas como o jantar na casa do Hobbit e na floresta com os Trolls são demasiadamente longas demais. Tomam como base o humor, porém, o artificio não consegue se sustentar pelos longos períodos. Já outros ganharam uma importância que se justifica como o encontro do Hobbit com Gollum - longo e necessário. No geral, esse desequilíbrio incomoda, já que a ação desenfreada demora à surgir.

Fazendo um paralelo com O Senhor dos Anéis, o filme não sai atrás e promete manter o nível. A parte técnica continua impecável - a caracterização dos anões é fantástica, os efeitos são caprichados - Gollum tem mais expressões ainda (!) -, a direção de arte (fotografia, figurino, cenários) está no ponto, assim como a trilha sonora que ganhou até músicas cantadas - dando uma cara de conto de fadas, intensificando as referências da obra de Tolkien. A primeira parte da trilogia cumpre sua função de emergir novamente na Terra Média, divertindo - é mais família que a trilogia anterior - e com a lição de moral permeando toda a obra, passando mensagens de otimismo, coragem e desmitificando preconceitos. A frase Gandalf para Bilbo, "a verdadeira coragem não é saber quando tirar uma vida, e sim aquela que você decide não tirar", ganha uma preciosa ação mais à frente quando o futuro de Gollum é posto à prova e a ação de Bilbo traça consequências futuras. Fazendo o personagem moldar sua personalidade e justificar a criação de Frodo. Diversão garantida, e é impossível não embarcar nessa nova jornada pela Terra Média, terreno da imaginação fértil de Tolkien.

Trailer:


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